Durável, flexível, à prova d'água e elástica, a borracha é tão versátil que serve para muitas aplicações.
História da borracha
Os indígenas da região Amazônica já faziam uso da borracha antes da presença dos europeus. O uso da borracha foi mencionado pelo Jesuíta Samuel Fritz e pelo Frei Carmelita Manoel de Esperança entre os índios Cambebas ou Omaguas. Em 1525, P. d’Anghlieria relatou ter visto índios mexicanos jogarem com bolas elásticas. Colombo também encontrou nativos no Haiti brincando com bolas.
A palavra borracha teve sua origem numa das primeiras aplicações úteis deste produto, dada pelos portugueses, quando foi utilizada para a fabricação de botijas, em substituição às chamadas borrachas de couro que os portugueses usavam no transporte de vinhos.
Os primeiros estudos científicos da borracha foram desenvolvidos pelo francês Charles de la Condamine, que levou amostras do produto conseguido no Peru, em 1735, para a Academia de Ciências de Paris. Ninguém lhe deu muita atenção, pois tudo o que se fabricava com essa substância tornava-se pegajoso no calor e tornava-se inflexível ou esfarelava-se em baixas temperaturas. No entanto, um engenheiro francês, C. F. Fresneau, que estudara a substância na Guiana Francesa, conseguiu fazer um par de sapatos de seiva e impermeabilizar um sobretudo.
O primeiro emprego industrial da borracha foi como apagador. Foi Magellan, descendente de célebre navegador, quem propôs este uso. Em 1770 o inglês Joseph Priesley (ao lado na foto) difundi-o. Cubos dessa borracha começaram a ser vendidos em Londres em 1722 e recebeu em inglês o nome de "India Rubber", que significa "Raspador da Índia".
No século XIX novas formas de beneficiamento permitiram diversas aplicações tecnológicas, mas foi com a descoberta do processo de vulcanização, em 1839 pelo norte americano Charles Goodyear, acrescentando enxofre na borracha e aquecendo a mistura, que suas propriedades mais valiosas, resistência e elasticidade, puderam ser exploradas.
Ciclo da Borracha no Brasil
No Brasil, advento da vulcanização coincide com a descoberta dos grandes seringais nativos no Rio Purus. Acontece no Acre, provocado pelo início da demanda das industrias norte-americanas e européias pela borracha, o primeiro movimento de imigração vindo do nordeste do Brasil. Este movimento migratório quase provocou uma guerra com a Bolívia, que na mesma época tentava instalar postos aduaneiros nos rios Madeira, Purus e Juruá. Milhares de imigrantes, principalmente nordestinos fugidos da seca da década de 1870, invadem a floresta para recolher o látex e transformá-lo em borracha.
Os novos Seringalistas se apropriaram de áreas enormes de Floresta para extrair o látex das seringas. Os índios nas áreas de Juruá e Purus tentaram defender as terras deles mas, tendo só arco e flecha não conseguiram. Assim, foram extintos a maioria dos índios. Muitos também morreram das doenças como tuberculose e sarampo, as quais não existiam antes entre os índios e foram trazidas pelos novos imigrantes. A mão de obra dos índios submetidos foi explorada para recolher o látex e construir estradas.
Por quase cinqüenta anos, da segunda metade do século XIX até a segunda década do século XX, a borracha natural sustentou um dos mais importantes ciclos de desenvolvimento do Brasil. Naquela época, a revolução industrial se expandia velozmente e o mundo vivia período histórico de prosperidade e descobertas que se refletiam em todos os setores. Automóvel, bonde, telefone, luz elétrica e outras inovações mudavam paisagem e costumes nas cidades. Novos mercados se abriam. Era a “belle époque”, cujo esplendor a literatura e o cinema se encarregaram de retratar para as gerações seguintes.
Este surto da borracha fez enriquecer as cidades de Manaus e Belém. Manaus passa a ter um liceu, um jornal impresso, um mercado público. A capital amazonense torna-se o centro econômico do país. Ganha sistemas de abastecimento d'água, luz elétrica, telefone, grandes construções, como o Teatro Amazonas, até hoje símbolo da riqueza advinda da borracha.
A cidade cresce, lentamente, impulsionada pelo desenvolvimento do comércio extrativista da região e começa a experimentar anos de prosperidade, acentuadamente após 1888, quando Dunlop descobre o pneumático para bicicletas, mais tarde aplicado nos automóveis pelos irmãos Michelin. A produção amazônica chega a 42 mil toneladas anuais e o Brasil domina o mercado mundial de borracha natural em 1912.
O clima de euforia dura até 1910, quando a situação começa a mudar: a partir daquele ano entram no mercado as exportações de borracha a partir das colônias britânicas e o Brasil não suporta a feroz concorrência que lhe é imposta. No ano 1913 a produção Inglesa-Malásica superou pela primeira vez a do Brasil. Em seguida muitos seringais foram abandonados e muitos seringueiros voltaram ao nordeste. A Inglaterra havia adquirido cerca de 70.000 sementes do inglês Henry Wickham, em 1875, provavelmente contrabandeadas, das quais 2.600 haviam florescido. A diferença técnica de plantio e extração do látex no Brasil e na Ásia foi determinante para os resultados da exploração como negócio.
As plantações racionalizadas do Extremo Oriente proporcionaram significativo aumento da produtividade e se tornaram mais competitivas. Enquanto a distância entre as seringueiras na Ásia era de apenas quatro metros, na Amazônia caminhava-se às vezes quilômetros entre uma árvore e outra, o que prejudicava e encarecia a coleta. No Brasil, o governo resistia a mudar os métodos. Acreditava que a exploração da maneira que era feita assegurava a presença de brasileiros e garantia a soberania nacional sobre a despovoada região amazônica. Privilegiava-se a geopolítica, representada pela ocupação, em detrimento da geoeconomia, que poderia render melhores frutos. Em 1921 os seringais do Oriente produziam 1,5 milhão de toneladas de borracha, contra 20 mil toneladas da Amazônia.
O declínio da produção brasileira
O clima de euforia dura até 1910, quando a situação começa a mudar: a partir daquele ano entram no mercado as exportações de borracha a partir das colônias britânicas e o Brasil não suporta a feroz concorrência que lhe é imposta. No ano 1913 a produção Inglesa-Malásica superou pela primeira vez a do Brasil. Em seguida muitos seringais foram abandonados e muitos seringueiros voltaram ao nordeste. A Inglaterra havia adquirido cerca de 70.000 sementes do inglês Henry Wickham, em 1875, provavelmente contrabandeadas, das quais 2.600 haviam florescido. A diferença técnica de plantio e extração do látex no Brasil e na Ásia foi determinante para os resultados da exploração como negócio.
As plantações racionalizadas do Extremo Oriente proporcionaram significativo aumento da produtividade e se tornaram mais competitivas. Enquanto a distância entre as seringueiras na Ásia era de apenas quatro metros, na Amazônia caminhava-se às vezes quilômetros entre uma árvore e outra, o que prejudicava e encarecia a coleta. No Brasil, o governo resistia a mudar os métodos. Acreditava que a exploração da maneira que era feita assegurava a presença de brasileiros e garantia a soberania nacional sobre a despovoada região amazônica. Privilegiava-se a geopolítica, representada pela ocupação, em detrimento da geoeconomia, que poderia render melhores frutos. Em 1921 os seringais do Oriente produziam 1,5 milhão de toneladas de borracha, contra 20 mil toneladas da Amazônia.
Riqueza amazônica
O próximo capítulo relevante nesta história vem com a invenção do automóvel, por volta de 1880. "Essa combinação, automóveis e rodas pneumáticas, tornou a borracha um material realmente estratégico", aponta Schuster.
Entre os principais beneficiados pelo aumento da demanda foram os chamados "barões da borracha" do Brasil, único lugar onde cresciam seringueiras, na época. Isso resultou em riqueza incomensurável para os detentores do monopólio, culminando com a majestosa casa de ópera de Manaus, em plena selva amazônica.
Essa dependência incomodava os países industrializados. Até que um inglês conseguiu contrabandear para fora do Brasil sementes da seringueira. Assim, no princípio do século 20, as árvores da borracha passaram a ser cultivadas em grande estilo nas colônias inglesas no Sudeste Asiático, onde até hoje se concentram os maiores produtores de látex.
Documentário sobre borracha, para mais informações:
Fontes completas:
CED.UFSC
dw.de
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