domingo, 16 de março de 2014

Amazônia



Amazônia


A Amazônia é a maior região florestal e hidrográfica do mundo. Ocupa grande parte hemisfério setentrional da América do Sul, correspondendo a parte brasileira a 42% do território nacional. Estende-se das margens do Oceano Atlântico no leste, até o sopé da Cordilheira dos Andes no oeste. Espalha-se pelas Guianas, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, perfazendo mais de 6 milhões de km2. O vale amazonense é, ao sul, ainda abastecido pelos rios que descem do Planalto Central brasileiro e dos que vêm da região das Guianas ao norte, e pelos filetes de água gelada que se desprendem da "corcova andina", fazendo com que termine por assumir - como constatou o geólogo americano C.F. Marbut, que visitou-o em 1923 -, a forma de um leque, pelo qual escorre 1/5 da água doce do planeta. O ensaísta nortista Raymundo Moraes, por sua vez, considerou-o, ao vale, semelhante a um anfiteatro, o "anfiteatro amazonense".


 

Era para ser desse modo que está representado na figura, mas sabemos que a mata atlântica por exemplo é aproximadamente 10 %  do que é ilustrado na figura. A Amazônia tem um grande território mas também é menor do que o representado.


 
 

 Devido a sua inacessibilidade, insalubridade e as dificuldades para explorá-la economicamente, a Amazônia é uma das áreas mais subpovoadas do globo. É um Deserto Verde, pertencente a uma época em que a Terra ainda amanhecia, abrigando uma das populações mais primitivas que se conhece - o homem neolítico em estado puro. Para outros, como Pedro de Rates Hanequim, que viveu por mais de vinte anos no Brasil, havia sido a morada de Adão e onde se encontrava a Árvore da Vida. Tanta certeza tinha ele de ter habitado o Paraíso Terreal -, sendo o Amazonas o maior rio do Éden -, que, ao voltar a Portugal, deixou-se processar e executar - "afogado e queimado" - em 1744, por ordem de um Tribunal do Santo Ofício pelo crime de heresia e apostasia, sem jamais ter pedido clemência.

 
Fumaça proveniente de queimadas na Amazônia boliviana ruma para o estado do Acre (Foto: Inpe)
Fumaça proveniente de queimadas na Amazônia boliviana ruma para o estado do Acre. Focos de incêndio são mostrados com pontos em lilás, rosa e azul no mapa (Foto: Inpe)

 Os diversos governos, brasileiros e vizinhos, até hoje procuram integra-la promovendo sua ocupação, tanto por garimpeiros, por extrativistas, por sertanejos, criadores de gado ou empresas de mineração. O resultado disso são as intensas queimadas, ou coivaras, antigo método indígena de limpar o terreno para a lavoura. Do Mato Grosso à Roraima a fumaça toma conta dos ares e, por vezes, escapa completamente ao controle. Este é um dos temores do ecólogo Robert Goodland e do botânico Howard Irwin de que "inferno verde torne-se um deserto vermelho", conforme o subtítulo do livro deles.
Rio Branco, capital do Acre, tomada por fumaça nesta sexta-feira (2) proveniente de queimadas na Amazônia boliviana (Foto: Gleilson Miranda/Governo do Acre)
Rio Branco, capital do Acre, tomada por fumaça nesta sexta-feira (2) proveniente de queimadas na Amazônia boliviana (Foto: Gleilson Miranda/Governo do Acre)

Pontos coloridos representam focos de queimadas no Parque Estadual Ricardo Franco (MT) captados pelo sistema de monitoramento do Inpe, que utiliza satélites (Foto: Inpe)
Pontos coloridos representam focos de queimadas no Parque Estadual Ricardo Franco (MT) captados pelo sistema de monitoramento do Inpe, que utiliza satélites (Foto: Inpe)

 O destino da Amazônia - "pulmão do mundo" - portanto, têm preocupado as mais diversas instituições, tanto a ONU como as organizações não-governamentais ambientalistas, que temem a qualquer hora um desastre irreversível. O governo brasileiro sofre pressões de todos os lados para tentar coibir a ocupação predatória, ao mesmo tempo em que é politicamente constrangido pelos interesses internos a que propicie vantagens, isenções e benefícios a grupos, empresas ou classes, para acelerar a sua exploração econômica. Nesta tensão entre os apelos internacionais e a satisfação das necessidades locais de crescimento, Brasília vai alternando, nos anos, suas políticas para a região.

Primeiras expedições

"Do abismo viu o profundo/ do profundo o paraíso/ do paraíso viu o mundo/ e do mundo viu o que quis" - Gil Vicente, 1539

As primeiras notícias que os espanhóis tiveram da existência de uma imensa região de selvas existentes depois dos Andes, foi-lhes dada pelos próprios nativos em Quito e em Cuzco. Graças a sua fantasia de homens medievais, os conquistadores imaginaram logo que a floresta abrigava o El Dorado, uma serra repleta de ouro puro. Bastava chegar lá e carregar o que pudessem. É certo que o grande rio já era conhecido desde que Vicente Pinzón navegou na sua foz, em 1500, chamando-o de Mar Dulce, mas quem primeiro organizou uma expedição partindo de Quito foi Gonzalo Pizarro, irmão do conquistador do Peru. Partindo de Quito, em 1541, numa expedição com 150 soldados, 4 mil índios e 3 mil animais de tropa, inclusive com alpacas e lhamas, Gonzalo consegui transpassar os Andes por dificílimos caminhos chegando às cabeceiras do Rio Amazonas. As dificuldades encontradas fizeram com que destacasse, num barco lá mesmo construído, a que Francisco Orellana desse prosseguimento ao projeto. A exploração teve seguimento até que atingiu a desembocadura do grande rio no Atlântico, em 1542, depois de ter percorrido seus 5.825 km.

Deve-se a Orellana sua denominação. Deparando-se, nas margens do rio, com um grupo belicosas índias que acompanhavam os homens em combate, chamou-as de amazonas, confundindo-as com as antigas guerreiras da mitologia grega. Ao retornar à Espanha, Orellana conseguiu ser nomeado adelantado, organizando uma nova sortida que o levou ao naufrágio e morte a bordo de um bergantim , provavelmente nas proximidade de Macapá, em 1550.

O feito de navegação de Orellana repetiu-se depois, em 1561, por Lopo de Aguirre, um celerado e doido que assassinou Pedro de Ursua, o chefe da expedição , aceitando ser o rei dos seus seguidores, os marañones.


Informações sobre a Geografia do Amazonas

Localização Geográfica: região Norte do Brasil

Limites geográficos: Pará (oeste); Mato Grosso (sudeste); Rondônia, Bolívia e Acre (sul ); Roraima e Venezuela (norte), Colômbia e Peru (leste).

Área: 1.570.745,7 km²

Fronteiras com os seguintes estados: Pará, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Acre.

Clima: equatorial

Relevo: faixa de planície perto do rio Amazonas; planaltos a leste e depressão em grande parte do território.

Vegetação: Floresta Amazônica

Ponto mais alto: Pico da Neblina (na serra  Imeri) com 2.993,8 metros.

Cidades mais populosas: Manaus (capital), Parintins, Itacoatiara e Manacapuru.

Principais recursos naturais (minérios): ferro, manganês, estanho e bauxita.

Principais rios: Amazonas, Icá, Japurá, Juruá, Javari, Madeira, Negro, Solimões e Purus.

Principais problemas ambientais:  desmatamento, poluição de rios e poluição do ar na capital.
Biodiversidade
 
O tesouro escondido na selva
A Amazônia tem a maior biodiversidade do planeta,
mas apenas 10% dela é conhecida pela ciência.
A falta de pesquisas e as leis contra a biopirataria
impedem que o Brasil aproveite o potencial
de uso da flora e dos microrganismos na medicina
e na indústria
 
Rainha da florestaCrianças brincam nas raízes de uma sumaúma, a maior árvore do Brasil, que chega
a 60 metros de altura: 25% das substâncias usadas hoje no tratamento de tumores
vêm de florestas tropicais
 


 
Em nenhum lugar do mundo existem mais espécies de animais e de plantas do que na Amazônia, tanto em termos de espécies habitando a região como um todo (diversidade gama), como coexistindo em um mesmo ponto (diversidade alfa). Entretanto, apesar da Amazônia ser a região de maior biodiversidade do planeta, apenas uma fração dessa biodiversidade é conhecida. Portanto, além da necessidade de mais inventários biológicos, um considerável esforço de amostragem também é necessário para se identificar os padrões e os processos ecológicos e biogeográficos.


 

A riqueza da flora compreende aproximadamente 30.000 espécies, cerca de 10% das plantas de todo o planeta. São cerca de 5.000 espécies de árvores (maiores que 15cm de diâmetro), enquanto na América do Norte existem cerca de 650 espécies de árvores. A diversidade de árvores varia entre 40 e 300 espécies diferentes por hectare, enquanto na América do Norte varia entre 4 a 25

 

Os artrópodos (insetos, aranhas, escorpiões, lacraias e centopéias, etc.) constituem a maior parte das espécies de animais existentes no planeta. Na Amazônia, estes animais diversificaram-se de forma explosiva, sendo a copa de árvores das florestas tropicais o centro da sua maior diversificação. Apesar de dominar a Floresta Amazônica em termos de número de espécies, número de indivíduos e biomassa animal, e da sua importância para o bom funcionamento dos ecossistemas, estima-se que mais de 70% das espécies amazônicas ainda não possuem nomes científicos e, considerando o ritmo atual de trabalhos de levantamento e taxonomia, tal situação permanecerá por muito tempo. Atualmente são conhecidas 7.500 espécies de borboletas no mundo, sendo 1.800 na Amazônia. Para as formigas, que contribuem com quase um terço da biomassa animal das copas de árvores na Floresta Amazônica, a estimativa é de mais de 3.000 espécies. Com relação às abelhas, há no mundo mais de 30.000 espécies descritas sendo de 2.500 a 3.000 na Amazônia.

O número de espécies de peixes na América do Sul ainda é desconhecido, sendo sua maior diversidade centralizada na Amazônia. Estima-se que o número de espécies de peixes para toda a bacia seja maior que 1300, quantidade superior a que é encontrada nas demais bacias do mundo. O estado atual de conhecimento da ictiofauna da América do Sul se equipara ao dos Estados Unidos e Canadá de um século atrás e pelo menos 40% das espécies ainda não foram descritas, o que elevaria o número de espécies de peixes para além de 1.800. Apenas no rio Negro já foram registradas 450 espécies. Em toda a Europa, as espécies de água doce não passam de 200.

Um total de 163 registros de espécies de anfíbios foi encontrado para a Amazônia brasileira. Esta cifra eqüivale a aproximadamente 4% das 4.000 espécies que se pressupõe existir no mundo e 27% das 600 estimadas para o Brasil. A riqueza de espécies de anfíbios é altamente subestimada. A grande maioria dos estudos concentra-se em regiões ao longo das margens dos principais afluentes do rio Amazonas ou em localidades mais bem servidas pela malha rodoviária. Foram encontradas 29 localidades inventariadas para anfíbios na Amazônia brasileira. Deste total, apenas 13 apresentaram mais de 2 meses de duração. Isso significa que a Amazônia é um grande vazio em termos do conhecimento sobre os anfíbios e muito ainda há que ser feito.

O número total de espécies de répteis no mundo é estimado em 6.000, sendo próximo de 240 espécies o número de espécies identificadas para a Amazônia brasileira, muitas das quais restritas à Amazônia ou a parte dela. Mais da metade dessas espécies são de cobras, e o segundo maior grupo é o dos lagartos. Embora já se tenha uma visão geral das espécies que compõem a fauna de répteis da Amazônia, certamente ainda existem espécies não descritas pela ciência. Além disso, o nível de informação em termos da distribuição das espécies, informações sobre o ambiente onde vivem, aspectos de reprodução e outros ligados à biologia do animal, assim como sobre a relação filogenética (de parentesco) entre as espécies é ainda baixo.

As aves constituem um dos grupos mais bem estudados entre os vertebrados, com número de espécies estimado em 9.700 no mundo. Na Amazônia, há mais de 1000 espécies, das quais 283 possuem distribuição restrita ou são muito raras. A Amazônia é a terra dos grandes Cracidae (mutuns), Tinamidae (inhambus), Psittacidae (araras, papagaios, periquitos), Ramphastidae (tucanos e araçaris) e muitos Passeriformes como por exemplo, os Formicariidae, Pipridae e Cotingidae.


O número total de mamíferos existentes no mundo é estimado em 4.650. Na Amazônia, são registradas atualmente 311 espécies. Os quirópteros e os roedores são os grupos com maior número de espécies. Mesmo sendo o grupo de mamíferos mais bem conhecido da Amazônia, nos últimos anos várias espécies de primatas tem sido descobertas, inclusive o sagüi-anão-da-coroa-preta, e o sauim-de-cara-branca, Callithrix saterei.


Ameaças à Biodiversidade da Amazônia

Em nenhum lugar do mundo são derrubadas tantas árvores quanto na Amazônia. Um levantamento da organização não governamental WWF, com base em dados da ONU, mostra que a média de desmatamento na Amazônia brasileira é a maior do mundo, sendo 30% mais intensa que na Indonésia, a segunda colocada no ranking da devastação ambiental.

Na Amazônia a eliminação de florestas cresceu exponencialmente durante as décadas de 70 e 80 e continua em taxas alarmantes. A mudança no uso do solo tem mostrado afetar a hidrologia regional, o ciclo global do carbono, as taxas de evapotranspiração, a perda de biodiversidade, a probabilidade de fogo e uma possível redução regional na quantidade de chuvas.

As ameaças de degradação avançam em ritmo acelerado. Os dados oficiais, elaborados pelo INPE, sobre o desmatamento na região mostram que ele é extremamente alto e esta crescendo. Já foram eliminados cerca de 570 mil quilômetros de florestas na região uma área equivalente à superfície da França, e a média anual dos últimos sete anos é da ordem de 17,6 mil quilômetros quadrados. Entretanto, a situação pode ser ainda mais grave. Os levantamentos oficiais identificam apenas áreas onde a floresta foi completamente retirada, por meio de práticas conhecidas por corte raso. As degradações provocadas por atividades madeireiras e queimadas não são contabilizadas.

O grande desafio atual é buscar o máximo de conhecimento sobre os ecossistemas característicos da Amazônia e apresentar sugestões de como esse conhecimento pode ser utilizado para o desenvolvimento sustentável.

 
Fontes:
[Veja]
 
 
 
 
 

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